terça-feira, 30 de junho de 2020

Maringá território livre de candidaturas fictícias




Em breve lançaremos a Campanha: Maringá território livre de candidaturas fictícias
AGUARDE!
E participe como apoiadora ou apoiador do Movimento Mais Mulheres no Poder e contribua para a conquista de uma bancada de mulheres na Câmara de Vereadores de Maringá.



sexta-feira, 26 de junho de 2020

Mais mulheres no poder: igualdade Política



Luciene Mochi[*]

Existe um saber preliminar na política que é essencial para compreendermos as disputas de poder nesse campo: a diferença entre a “política e o político”. A pensadora Chantal Mouffe (2015), explica que há uma distância entre o que caracteriza o ato político e “a política”. Compreender essa diferença nos ajuda a pensar como o campo da política é tão importante para o desenvolvimento da sociedade.

Ainda assim, há quem se orgulha de dizer: “eu não gosto de política!”. Mas o que sabemos é que a política acontece todos os dias e o tempo todo, independente da nossa apreciação pelo tema. Acontece que, mesmo que não desejamos concorrer a cargos públicos, o envolvimento com a política está no nosso dia a dia pois, a política é um instrumento de ação capaz de transformar a sociedade. Estando relacionada com os bens públicos, com a vida em sociedade, com as leis que garantem nossa vida, a política está diretamente ligada com as medidas que afetam diretamente a nós e as pessoas a nossa volta. De acordo com Mouffe (2015, p. 8), a política é “[...] o conjunto de práticas e instituições por meio das quais uma ordem é criada”.

Feita essa ponderação inicial sobre “a política” e “o político”, gostaria de fazer uma reflexão a respeito da participação das mulheres na câmara de vereadores(as) do município de Maringá. Atualmente, temos no legislativo 15 vereadores e nenhuma vereadora. Isso implica dizer que existe no nosso município uma hegemonia política masculina, construída pelos homens [políticos] em uma cidade com uma população estimada de 423.666 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019).

A falta de representatividade de mulheres vereadoras no município reflete diretamente em pautas que são necessárias não só para as vidas das mulheres, mas para as vidas de todas as pessoas. Essa representação feminina no legislativo da cidade de Maringá é um problema de todos nós e precisa ser construída pelas eleitoras e pelos eleitores, por todas e todos que buscamos equidade no acesso às políticas públicas. A sub-representação das mulheres na política afeta a democracia e se configura em uma injustiça para além do voto. O direito a votar e a escolher representantes não significa igualdade política se não for acompanhado por chances reais de se eleger mulheres em porcentagens iguais aos homens. O voto é uma ação que resulta na escolha de quem vai se mover para agir politicamente em decisões que afetam a vida da população. Se as mulheres são excluídas do processo democrático, pautas como violência doméstica, desigualdade no mercado de trabalho, falta de creches, saúde e, consequentemente, qualidade de vida, podem ser invisíveis ou, menos relevantes para os homens que ocupam os cargos públicos. Isso acontece porque as necessidades dos homens e das mulheres são diferentes e, exatamente por isso, a sub-representação das mulheres no poder aprofunda essa desigualdade social.

Pensando em todas essas questões, um grupo de mulheres da cidade de Maringá lançou o Movimento Mais Mulheres No Poder. Essa iniciativa acolhe todas as pré-candidatas a Vereadoras de Maringá, buscando trabalhar para mudar essa injusta desigualdade. O movimento busca apoiar ações conjuntas para, na eleição municipal que se aproxima, alcançar uma bancada de vereadoras compromissadas com as garantias da vida e do bem-estar da população da nossa cidade, como por exemplo, condições dignas de moradia, o direto à participação na cidade, o enfrentamento ao racismo, ao feminicídio e a LGBTfobia.

Não existe democracia em uma política construída sem a participação efetiva das mulheres. Precisamos urgentemente perceber que um país, um estado e uma cidade que trata com violência as mulheres, a população de rua, que continuamente opera as opressões de raça e de gênero, ainda não é justa e não conhece a democracia plena. Por isso é fundamental apoiar o Movimento Mais Mulheres no poder. Afinal, é nossa responsabilidade participar ativamente da construção de uma cidade justa e democrática para todas as pessoas.

 

Referências

MOUFFE, Chantal. Sobre o político. [tradução Fernando Santos]. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.

IBGE. Cidades e Estados do Brasil. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:  <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/maringa/panorama>.  



[*] Luciene Mochi é pedagoga, professora da Educação Básica, mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).