sábado, 25 de julho de 2020

25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

    


Alana Marquezini*

    No Brasil, esta data foi instituída pela Lei n º 12.987/2014, porém a data é comemorada desde o inicio do século XXI. Este dia também faz referência a Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no século XVIII; Benguela foi esposa de José do Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho, ou do Quariterêre, entre o Rio Guaporé, atual cidade de Cuiabá, estado do Mato Grosso.

    Após a morte de José do Piolho, “Rainha Tereza” como era chamada, liderou a comunidade negra e indígena que resistiu a escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o Quilombo foi destruído e a população que ali vivia, morta ou aprisionada.

    Enaltecendo a luta de Benguela, legitimamos a representatividade feminina na história de lideranças pretas a história nos mostra que no Brasil, os Quilombos e aquilombamentos em sua maioria, foi liderado por mulheres, a exemplo, cito o Quilombo de Magé, reforçando não só a luta das mulheres, mas a sua liderança entre movimentos.

    A importância de lembrar e multiplicar os passos de luta de Tereza de Benguela, é que somente séculos após a sua vida de luta, mais especificamente na década de 80 é que o dia 25 de julho se tornou um marco internacional no que se refere a luta e resistência das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas.

    Não se trata de uma data comemorativa, mas, de uma lembrança marcada por muita luta, e resistência contra o sistema, por meio de compartilhamento de vivências, discussões e debates acerca da identidade, existência e resistência enquanto mulheres negras.

    Quando falamos em luta e resistência por igualdade de direitos, não há como focarmos apenas em gênero, mas se faz extremamente necessário o recorte de raça dentro deste debate; e isso se dá justamente em razão da pluralidade de quem somos.

    Diariamente debatemos e discutimos acerca de nossas lutas enquanto sujeitos de direitos, enquanto mulheres, nossa busca pela equidade de gênero nas mais variadas esferas da sociedade é demasiado difícil, porém, quando realizamos o recorte de raça, esta luta é ainda mais complexa.

    Poderíamos aqui citar inúmeros contextos em que as mulheres negras aparecem exponencialmente mais oprimidas, no entanto, abordo aqui a violência contra a mulher, que assola todas a mulheres, mas principalmente as mulheres negras.

    Apresentando dados, cito o Atlas da violência de 2019, onde a cada 13 mulheres assassinadas no Brasil, 08 delas são negras, deste modo é passível não só o questionamento quanto a existência de políticas públicas especificas, destinadas às mulheres negras, mas sobre o quanto a ausência destas mulheres na política partidária e nos espaços de poder refletem na vida das meninas e mulheres negras do nosso país..

    Diante deste contexto, trago uma reflexão: A necessidade de representatividade nos espaços de Poder e Decisão; As mulheres negras são presença maciça nos movimentos sociais de base, no entanto, estão fora das câmaras municipais e assembleias legislativas.

    Mulheres negras lutam e resistem desde sempre, e para que as vejamos nos espaços de poder e decisão se faz necessário não apenas o encorajamento para com as mulheres negras em disputarem um pleito eleitoral, mas o apoio efetivo que proporcione igualdade nas condições para esta disputa, pois, somente com mulheres negras decidindo sobre pautas que as atingem diretamente é que iniciaremos uma democracia plural e representada na sua integralidade.



*Advogada; Diretora de Saúde Ocupacional da Prefeitura Municipal de Maringá; Conselheira do Conselho Municipal da Juventude; Conselheira do Conselho Privado de Juventude do Sul Brasil; Membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB Subseção Maringá; Membro da Comissão de Enfrentamento a Violência de Gênero - OAB Subseção Maringá; Pré candidata a vereadora em Maringá pelo PSD; Integrante do Movimento Mais Mulheres no Poder Maringá

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