No
Brasil, esta data foi instituída pela Lei n º 12.987/2014, porém a data é
comemorada desde o inicio do século XXI. Este dia também faz referência a
Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu no século XVIII; Benguela foi
esposa de José do Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho, ou do Quariterêre,
entre o Rio Guaporé, atual cidade de Cuiabá, estado do Mato Grosso.
Após
a morte de José do Piolho, “Rainha Tereza” como era chamada, liderou a
comunidade negra e indígena que resistiu a escravidão por duas décadas,
sobrevivendo até 1770, quando o Quilombo foi destruído e a população que ali
vivia, morta ou aprisionada.
Enaltecendo
a luta de Benguela, legitimamos a representatividade feminina na história de
lideranças pretas a história nos mostra que no Brasil, os Quilombos e
aquilombamentos em sua maioria, foi liderado por mulheres, a exemplo, cito o
Quilombo de Magé, reforçando não só a luta das mulheres, mas a sua liderança
entre movimentos.
A
importância de lembrar e multiplicar os passos de luta de Tereza de Benguela, é
que somente séculos após a sua vida de luta, mais especificamente na década de
80 é que o dia 25 de julho se tornou um marco internacional no que se refere a
luta e resistência das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas.
Não
se trata de uma data comemorativa, mas, de uma lembrança marcada por muita
luta, e resistência contra o sistema, por meio de compartilhamento de
vivências, discussões e debates acerca da identidade, existência e resistência
enquanto mulheres negras.
Quando
falamos em luta e resistência por igualdade de direitos, não há como focarmos
apenas em gênero, mas se faz extremamente necessário o recorte de raça dentro
deste debate; e isso se dá justamente em razão da pluralidade de quem somos.
Diariamente
debatemos e discutimos acerca de nossas lutas enquanto sujeitos de direitos,
enquanto mulheres, nossa busca pela equidade de gênero nas mais variadas
esferas da sociedade é demasiado difícil, porém, quando realizamos o recorte de
raça, esta luta é ainda mais complexa.
Poderíamos
aqui citar inúmeros contextos em que as mulheres negras aparecem
exponencialmente mais oprimidas, no entanto, abordo aqui a violência contra a
mulher, que assola todas a mulheres, mas principalmente as mulheres negras.
Apresentando
dados, cito o Atlas da violência de 2019, onde a cada 13 mulheres assassinadas
no Brasil, 08 delas são negras, deste modo é passível não só o questionamento
quanto a existência de políticas públicas especificas, destinadas às mulheres
negras, mas sobre o quanto a ausência destas mulheres na política partidária e
nos espaços de poder refletem na vida das meninas e mulheres negras do nosso
país..
Diante
deste contexto, trago uma reflexão: A necessidade de representatividade nos
espaços de Poder e Decisão; As mulheres negras são presença maciça nos
movimentos sociais de base, no entanto, estão fora das câmaras municipais e
assembleias legislativas.
Mulheres
negras lutam e resistem desde sempre, e para que as vejamos nos espaços de
poder e decisão se faz necessário não apenas o encorajamento para com as
mulheres negras em disputarem um pleito eleitoral, mas o apoio efetivo que
proporcione igualdade nas condições para esta disputa, pois, somente com
mulheres negras decidindo sobre pautas que as atingem diretamente é que
iniciaremos uma democracia plural e representada na sua integralidade.
*Advogada; Diretora de Saúde Ocupacional da Prefeitura Municipal de Maringá; Conselheira do Conselho Municipal da Juventude; Conselheira do Conselho Privado de Juventude do Sul Brasil; Membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB Subseção Maringá; Membro da Comissão de Enfrentamento a Violência de Gênero - OAB Subseção Maringá; Pré candidata a vereadora em Maringá pelo PSD; Integrante do Movimento Mais Mulheres no Poder Maringá
Parabéns! 👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirQue maravilha de texto!!
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