segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Manifestações de repúdio ao PDT Maringá e de apoio à candidatura de Ana Lúcia se multiplicam

O movimento suprapartidário “Mais Mulheres No Poder” de Maringá realizou, na manhã de domingo (13), uma manifestação em apoio à candidatura a vereadora da professora Ana Lúcia Rodrigues (PDT). O ato, que teve concentração em frente à Câmara Municipal, com participação massiva das mulheres foi uma reação à decisão arbitrária da Executiva Provisória do PDT Maringá que, na convenção da legenda na sexta (11) barrou a candidatura de Ana Lúcia sem justificativa plausível. Havia 22 pré-candidatos para 23 vagas possíveis, ainda assim, a Executiva preferiu vetar o nome da professora. Falas fortes e comprometidas cobravam a garantia do direito da professora da Universidade Estadual de Maringá (PDT) de concorrer no pleito deste ano. 

 

Crédito: Breno Ortega

Crédito: Valdete da Graça

 

As manifestações de apoio a Ana Lúcia, que tem se destacado como uma das lideranças do “Mais Mulheres no Poder” foram as mais variadas, começando pelas companheiras no grupo do próprio movimento. Quem puxou a fila das mensagens indignadas foi Tere Pereira, do PP, ainda na madrugada de sábado. “Que violação de direitos é essa??? Não podemos nos calar. O Movimento precisa se manifestar!!”, escreveu. As mensagens continuaram. “Se tivesse um motivo, mas não... o nome disso é arbitrariedade. Vergonha”, escreveu Cristiane Neme, do PROS. “Nosso movimento precisa se fortalecer e lutar com mais vigor contra essa cultura masculina na política.  Estarei apoiando qualquer decisão do grupo para o combate desse mal social”, escreveu Latife Ammar, da Rede Sustentabilidade. Márcia França, pré-candidata pelo PT, escreveu “hora de soltar o verbo sim, mostrar que somos mulheres, defendemos mulheres, independente de sigla partidária. Se ofendeu uma mulher, ofendeu a todas nós”. “Estarei sempre com você, você me inspira a fazer uma política melhor”, declarou Cristiane Tazinafo, do PTC.

 

Crédito: Breno Ortega

Crédito: Valdete da Graça

 

Suprapartidário, o movimento Mais Mulheres No Poder reúne 89 pré-candidatas de 16 partidos e publicou nota de repúdio à decisão do PDT que, um dia, já foi liderado por Leonel Brizola. Muitas críticas, inclusive de brizolistas, apontam que a decisão da Executiva municipal vai na contramão da história democrática do partido. "O PDT instala em Maringá a perseguição política tão combatida ao longo de sua história", disse Luiz Leal.

 

Na opinião de mulheres que apoiam o movimento – que busca uma bancada feminina na Câmara, composta só por vereadores homens – a decisão da cúpula pedetista local flertou com o machismo e a misoginia. "PDT de Maringá, homens, do que vocês têm medo? Não vamos nos calar", escreveu a jornalista Valdete da Graça, que também integra o Fórum Maringaense de Mulheres, entidade que assina a nota de repúdio juntamente com o Movimento Mais Mulheres. O Movimento Nenhuma a Menos também publicou nota de apoio à professora. “Lamentamos profundamente o cerceamento da candidatura a vereança da Professora Ana Lúcia Rodrigues e esperamos que o quadro seja revertido. Quanto ao processo interno do Partido em questão, nos parece no mínimo estranho que havendo sobra de vagas, decidiram pela negativa da candidatura.”

 

Demonstrações de apoio a Ana Lúcia também partiram de autoridades locais, inclusive do prefeito Ulisses Maia (PSD), que em 2016 foi eleito pelo PDT. “Professora Ana Lúcia, receba minha solidariedade. Sua candidatura é mais que legítima”, disse o prefeito. A vereadora paulistana Patrícia Bezerra, que é maringaense e apoiadora do Movimento Mais Mulheres, gravou vídeo de apoio à professora.

 

Para o secretário municipal de Recursos Humanos, César França, o PDT de Maringá vivenciou, na convenção de sexta-feira, uma vergonha sem precedentes. “Em nome da ‘democracia’, com único intento de vingança pessoal, de uma disputa pela Reitoria da UEM, vilipendiaram o direito da professora Ana Lucia de concorrer a vereadora. Uma atitude covarde”, escreveu o secretário, nas redes sociais.  

 

Numa live da convenção do PDT em Curitiba, dezenas de pessoas criticaram a postura do partido na Cidade Canção. “Eram 23 vagas, 22 candidatos e a professora Ana Lúcia foi tolhida do processo. Vergonha", escreveu Maria Araujo. "Morreu a democracia do PDT de Maringá", comentou Regina Zeladora.

 

As manifestações de apoio envolveram também outros partidos. Além da fala de Ulisses, a Rede Sustentabilidade publicou nota. “A professora Ana Lúcia é reconhecidamente uma relevante estudiosa e militante na área de políticas públicas e direitos humanos, com importantes contribuições prestadas à sociedade local", diz trecho da nota da Rede.

 

Nas redes sociais, mensagens de apoio também foram enviadas a lideranças estaduais e nacionais da legenda, como o deputado federal e ex-prefeito de Curitiba Gustavo Fruet e o vice-presidente do partido, o ex-ministro e candidato a presidente da República em 2018 Ciro Gomes.

 

Neste fim de semana, uma petição virtual foi criada para coletar assinaturas em apoio ao direito de Ana Lúcia ser candidata. Na petição, o texto de apresentação lembra que a decisão pela exclusão do nome da professora foi tomada por uma comissão provisória composta por dez homens e apenas uma mulher, sendo que seis destes dirigentes votaram pela retirada do nome de Ana Lúcia da chapa. Para assinar a petição acesse o link: https://bit.ly/32qMblw.

 

Num vídeo publicado na internet e também no ato deste domingo, Ana Lúcia informou que entrará com ações judiciais, apesar de considerar difícil a reversão da decisão política na Justiça. “Mas, politicamente, podemos. Se Curitiba se mobilizar com essa atitude arbitrária do PDT em Maringá, isso se reverte", comentou a professora da UEM.  

 


 

 

 

 


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